Seis da tarde, dois metros de parede liquida e salitrosa a bombar lá fora antes do banco de areia que os temporais de inverno deixaram, parece perfeita a onda vista de fora e como dizem os espanhois - O touro visto das báias parece sempre mais pequeno - só te dás conta da sua imensa força quando os primeiros espumaços te começam a bater na cara misturados com a chuva salgada que o vento "off- shore" arranca ao "lip", o equilibrio em cima daquela espuma superficial que fica depois da onda passar é tenue, mas os pés fora da prancha e a pagaia apoiada na água, quase como qualquer ave marinha, mantêm a verticalidade do conjunto, mas ai vem outra já a seguir, e se a anterior era grande esta parece ser a sua irmã mais velha, e eu acho que estou mesmo no sitio errado, vai de remar com todas as forças ao seu encontro, tentar passá-la no limite antes que quebre, tarde de mais, saltar fora, agarrar tudo com muita mas mesmo muita força e inspirar fundo é a unica saida, e "Brumm" , entrada numa especie de buraco negro que suga a prancha comigo agarrado a trás, pagaia presa na mão esquerda e o antebraço direito enfiado no footstrap da prancha, tentar manter tudo muito juntinho no turbilhao para nao chocar com nada, e não pára, nem quero abrir os olhos para ver onde estou, até que finalmente o céu azul outra vez e as casinhas da praia ao fundo, finalmente ar para respirar.
Ainda não foi desta.............
Ainda não foi desta.............
Tás muito poético hehehe ;). Já apanhei tantas dessas que qualquer dia, é de vez, fico a servir de comida para pêxes, que o diabo seja cego surdo e mudo (como se diz, acho que é assim hehehe). Esperemos e que nos safemos sempre, para continuar a contar estas estórias prá malta aprender :)
ResponderEliminarA realidade que quase se tornou poética.
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