A Praia da Ponta Ruiva fica na costa ocidental do Algarve, uma das ultimas antes da ponta de Sagres, chega-se lá a partir de Vila do Bispo por caminhos de terra que cruzam o ondular suave das colinas até se chegar á costa. Passamos pequenas casinhas aqui e ali e um ou outro ribeiro, quem tiver a sorte de o fazer ao final do dia deparar-se-á com o espectaculo mágico e único de ver o sol beijar o mar. Sentir os cheiros da erva molhada a misturarem-se com os da maresia e o rebentar do mar completam um cenário idilico num paraiso perdido a sul.
Existe do lado esquerdo da praia uma grande rocha bicuda e avermelhada devido ao oxido de ferro, que entra pelo mar dentro (daí Ponta Ruiva) imponente a contrapor-se ás ondas gigantes que muitas vezes contra ela batem, um dia também cederá inevitavelmente, mas enquanto não, ajuda a onda a erguer-se ainda mais e a quebrar formando verdadeiras ladeiras de agua polida para o lado esquerdo de quem a "surfa", o ruido do espumáço a trás de ti a querer engolir-te é assustador, mas a ladeira de água é quase interminável e a esquerda continua e já vais quase a meio da praia, mas há que sair atempadamente, prolongar a onda significaria entrar para dentro de uma especie de máquina de lavar programada para não parar mais, a sequencia interminavel de ondas a rebentar em clouse-out a partir dali é muito grande e soma-se a isso o "agúeiro", que é a corrente contraria á ondulação de toda aquela água que as ondas trouxeram e que agora retorna completamente invisivel a quem ali tomar banho e não conhecer as manhas deste mar, depois de se entrar na corrente muito dificil é sair, o cansaço e o break-point fazem o resto.
Existe do lado esquerdo da praia uma grande rocha bicuda e avermelhada devido ao oxido de ferro, que entra pelo mar dentro (daí Ponta Ruiva) imponente a contrapor-se ás ondas gigantes que muitas vezes contra ela batem, um dia também cederá inevitavelmente, mas enquanto não, ajuda a onda a erguer-se ainda mais e a quebrar formando verdadeiras ladeiras de agua polida para o lado esquerdo de quem a "surfa", o ruido do espumáço a trás de ti a querer engolir-te é assustador, mas a ladeira de água é quase interminável e a esquerda continua e já vais quase a meio da praia, mas há que sair atempadamente, prolongar a onda significaria entrar para dentro de uma especie de máquina de lavar programada para não parar mais, a sequencia interminavel de ondas a rebentar em clouse-out a partir dali é muito grande e soma-se a isso o "agúeiro", que é a corrente contraria á ondulação de toda aquela água que as ondas trouxeram e que agora retorna completamente invisivel a quem ali tomar banho e não conhecer as manhas deste mar, depois de se entrar na corrente muito dificil é sair, o cansaço e o break-point fazem o resto.
Básicamente era isto que que ia acontecer aos meus amigos Sátia e Rui Pedro não os tivesse eu ido lá buscar e rebocar in extremis para um sitio mais seguro. Hoje já cá não estariam.
Davam os primeiros "passos" no que se refere a descer ondas em cima de uma prancha, entraram na água para fazer body-board por onde toda a gente entra que é junto ás rochas do gigante vermelho, e se a maré estiver vazia, por cima delas, mas com muito cuidado com os ouriços e lismos para não nos partir-mos todos caso o pé seja indevidamente pousado onde não se deve. Em vez vez de ficarem quietinhos na água e esperar pela ondulação começaram a movimentar-se os dois no outside para a esquerda e para o centro da praia, talvez com receio das rochas, estavam a ir direitinhos para a boca do lobo.
No inicio não liguei porque os via sempre muitos juntinhos a dar ao pé, ou melhor á barbatana, e por isso pensei que estariam seguros, mas de repente vi o bracinho de um deles no ar a dizer adeus, ao que eu respondi com outro acenar, o bracinho voltou a erguer-se e olhando melhor, vi que afinal o gesto não era tanto de adeus mas mais de - anda cá buscar-nos . Deviam estar a menos de dois minutos de entrarem no programa de centrifugação, a corrente estava a puxa-los a partir de fora para terra precisamente para a zona dos close-outs. Por fora, num instante cheguei lá perto deles e eu próprio vi a coisa mal parada para o meu lado, o grupo deve ter estado a menos de dez metros do break-point, e a força da corrente naquele sitio era cada vez maior.
Saí dali a remar primeiro para o outside com cada um deles agarrado por baixo aos fins laterais e ao mesmo tempo que lhes gritava para darem ás barbatanas porque eu sózinho também não teria tido força para puxar aquele peso todo dali para fora só com a pagaia. Saímos por onde entrámos junto á rocha. Já cá fora, abraçamos-nos os três e agradecemos a Deus ter-nos dado nova oportunidade.
Hoje em dia o Rui Pedro gere uma fazenda de gado em Angola e o Sátia tira fotografias das estradas de Portugal de carro com uma máquina de disparo 360º presa no tejadilho para o Google Earth.
Eu também faço muitas coisas.
Aloha.
ps. Aqui fica então o link de um video gentilmente cedido pelo Gus Presa de uma surfada sua na Praia da Ponta Ruiva.
Francisco, te dejo mis vídeos de Ponta Ruiva,
ResponderEliminarhttp://videoswaveski.blogspot.com/search/label/Ponta%20Ruiva
Um Lisboeta por terras Algarvias, com veia
ResponderEliminarpoetica ..... Boa descrição do local para quem não conhece, e a história que contas, quase todos já passámos por ela, e mais fresca não podia ser, esta semana estive envolvido na ajuda a um colega que por inesperiencia se aventurou a Big onda e o resultado foi a perda do Kayak uns pirolitos bebidos e uma pequena entrada em pânico que por acaso foi ajudado rápidamente, e que acabou em bem ...
Com os anos que já tens de desporto nas ondas deves ter mais para contar, e como eras práticamente sózinho és capaz de ter passado uns arrepios .... venham lá elas que o pessoal vai gostar ....
Amigo Chico após ter lido esta nossa pequena história, foi bom fizes-te me viver de novo essa aventura que nós os três vivemos e que nunca mais esquecere-mos. Volto a agradecer-te assim como o fiz no momento e garantir-te que é bem verdade que nos salvas-te a vida, valeu brother e já agora tambem gostaria de elogiar a forma como descreves-te este episódio, está muito bonito, com côr, movimento e sentimento principalmente. Força ai estás lá. Sempre te achei um gajo muito culto, mas nunca tinha dado conta de como escreves bem, parabens, curti bué.
ResponderEliminarUm abraço deste teu sempre amigo.
Rui Pedro
.. Uma história muito bonita e narração feita por um poeta ... parabéns, amigo ... o que é um modo especial de viver a vida ...
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