18 de Maio Tavira.

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Este spot tem a particularidade de ser numa ilha, uma das que formam o cordão dunar das chamadas de ilhas barreiras e que vão desde a Quinta do lago (Almansil) até Cacela, para se lá chegar atravessa-se a ria a remar, que é parte do aquecimento, ou então, para os mais comodistas como eu, pedir um cabo a um qualquer pescador que passe em direçao "da" canal (da canal pq é no feminino que aqui se diz) e da barra e skiar na esteira até lá, no sentido inverso é a mesma coisa, garanto-vos que nenhum vos negará um cabo e posso confirmar da curtição que é skiar a esteira de um barco ainda que a baixa velocidade em cima de um waveski. Chegados ao santuário é largar o cabo agradecer e dizer adeus ao pescador.
Os sets entram regulares junto ao molhe direito da barra com 2/3 de maré cheia e a encher, o que deixa pouco espaço para correr até á areia. Por duas ou três vezes aterrei na areia uma delas com o cinto do lado direito rebentado junto á presilha, tive que nadar para resgatar do mar o que restava dele e á pagaia. Frustação completa, com um mar destes de ondas perfeitas e agora isto. Olhei para o homem dos toldos, e fez-se uma luz ao fundo do tunel, corri até lá pedi-lhe uma chave em estrela que ele milagrosamente tinha e me emprestou, voltei para remontar o cinto agora mais curto e já no limite do ajuste, entreguei a chave ao dono e 5 minutos depois estava dentro de água outra vez e desta até ao finalzinho da tarde. Foi um surfing day como já há muito muito tempo não tinha.
Aloha Tavira.

Ps: Obrigado Pedro Ventura pela dica.

Tavira II

Tavira é de facto um sítio ùnico no sul de Portugal para se surfar, especialmente quando o "Levante" depois de cruzar as planicies escaldantes Ibéricas, atinge a costa sul do Algarve e parte da espanhola para cá do gigante magestoso de pedra bruta que é Gibraltar, o guarda da entrada e saida do Mediterraneo, ai faz que com que a "marejada" passe para cá do estreito trazendo com ela maravilhosas ondas que se espraiam em toda esta costa sul da grande "Ibéria". Tavira é por excelência um destes sitios, junto ao molhe por onde entra e sai a água da Ria Formosa ao sabor das marés e do lado da praia, rebenta uma direita potente em água tão limpida que deixa ver os cardumes de tainhas que ali abundam á transparência, e surpresa das surpresas, salta um golfinho atrás de uma, depois outro aparece a mostrar a barbatana dorsal enquanto respira, tudo isto á distancia de quatro pagaiadas. Ficaram por ali uma meia hora a caçar ao pé de mim, só por isto já teria valido a pena lá ter estado, ainda que não tivesse apanhado uma única onda, mas não foi bem isso que aconteceu. Por aqui diz-se muitas vezes e com razão que "não há bela sem senão" e este dia foi bem o exemplo disso. Enquanto remontava ao "outside" depois de umas batidas até á areia numa direita longa, passou por mim um "surfista" que tentava em sentido contrário ao meu apanhar uma onda, como não conseguiu por não ter tido braçinhos suficientes, começou a praguejar dizendo coisas muito feias, pensei serem em parte dirigidas á minha pessoa. Virei-me para trás e para ele e perguntei-lhe se era comigo que falava, disse-me que não com um abanar de cabeça e ao mesmo tempo que fazia cara de "mau". O assunto morreu ali, pensei eu mas enganei-me. Passado um bom bocado e depois de já ter droprado um sem numero de boas ondas, lá vou eu outra vez fixo na ladeira de água lisa, quando ao fundo o mesmo "crómo" se começa a fazer á onda que eu já vinha a dropar desde lá de trás, qual é o meu espanto quando ao passar por ele numa rasante, me manda a prancha disparada com os pés na minha direção. Só não me acertou porque instintivamente coloquei a pagaia cruzada na direção de onde ela vinha, não fosse esta reação e teria seguramente levado com o "nose" afiado talvez até na cara. Ouvi apenas o ruido seco do vidro quando quebra. Verifiquei a minha pagaia á procura de possiveis estragos mas estava imaculada, nao fosse feita ela de fibra de carbono. Quando passou por mim outra vez enquanto se certificava do grande "ding", pediu-me desculpa de olhos em baixo. A mim, só me deu vontade de ainda assim testar a resistência real da "Élio" na cabeça dele, mas não, preferi pensar antes nas brincadeiras dos golfinhos enquanto por ali andaram e no estrago grande que de certeza ficou na prancha do menino.

E agora desculpem que vem lá o "grande set" toca a remar, até já.....................

Aloha