quinta-feira, 29 de abril de 2010

Praia de Faro


Seis da tarde, dois metros de parede liquida e salitrosa a bombar lá fora antes do banco de areia que os temporais de inverno deixaram, parece perfeita a onda vista de fora e como dizem os espanhois - O touro visto das báias parece sempre mais pequeno - só te dás conta da sua imensa força quando os primeiros espumaços te começam a bater na cara misturados com a chuva salgada que o vento "off- shore" arranca ao "lip", o equilibrio em cima daquela espuma superficial que fica depois da onda passar é tenue, mas os pés fora da prancha e a pagaia apoiada na água, quase como qualquer ave marinha, mantêm a verticalidade do conjunto, mas ai vem outra já a seguir, e se a anterior era grande esta parece ser a sua irmã mais velha, e eu acho que estou mesmo no sitio errado, vai de remar com todas as forças ao seu encontro, tentar passá-la no limite antes que quebre, tarde de mais, saltar fora, agarrar tudo com muita mas mesmo muita força e inspirar fundo é a unica saida, e "Brumm" , entrada numa especie de buraco negro que suga a prancha comigo agarrado a trás, pagaia presa na mão esquerda e o antebraço direito enfiado no footstrap da prancha, tentar manter tudo muito juntinho no turbilhao para nao chocar com nada, e não pára, nem quero abrir os olhos para ver onde estou, até que finalmente o céu azul outra vez e as casinhas da praia ao fundo, finalmente ar para respirar.
Ainda não foi desta.............

sábado, 24 de abril de 2010

The secret.


O Segredo é fazermos o que realmente amamos sem esperar nada em troca a não ser a recordação de um dia que não voltará a repetir-se.
Aloha.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Estorietas salgadas - Ponta Ruiva.


A Praia da Ponta Ruiva fica na costa ocidental do Algarve, uma das ultimas antes da ponta de Sagres, chega-se lá a partir de Vila do Bispo por caminhos de terra que cruzam o ondular suave das colinas até se chegar á costa. Passamos pequenas casinhas aqui e ali e um ou outro ribeiro, quem tiver a sorte de o fazer ao final do dia deparar-se-á com o espectaculo mágico e único de ver o sol beijar o mar. Sentir os cheiros da erva molhada a misturarem-se com os da maresia e o rebentar do mar completam um cenário idilico num paraiso perdido a sul.
Existe do lado esquerdo da praia uma grande rocha bicuda e avermelhada devido ao oxido de ferro, que entra pelo mar dentro (daí Ponta Ruiva) imponente a contrapor-se ás ondas gigantes que muitas vezes contra ela batem, um dia também cederá inevitavelmente, mas enquanto não, ajuda a onda a erguer-se ainda mais e a quebrar formando verdadeiras ladeiras de agua polida para o lado esquerdo de quem a "surfa", o ruido do espumáço a trás de ti a querer engolir-te é assustador, mas a ladeira de água é quase interminável e a esquerda continua e já vais quase a meio da praia, mas há que sair atempadamente, prolongar a onda significaria entrar para dentro de uma especie de máquina de lavar programada para não parar mais, a sequencia interminavel de ondas a rebentar em clouse-out a partir dali é muito grande e soma-se a isso o "agúeiro", que é a corrente contraria á ondulação de toda aquela água que as ondas trouxeram e que agora retorna completamente invisivel a quem ali tomar banho e não conhecer as manhas deste mar, depois de se entrar na corrente muito dificil é sair, o cansaço e o break-point fazem o resto.
Básicamente era isto que que ia acontecer aos meus amigos Sátia e Rui Pedro não os tivesse eu ido lá buscar e rebocar in extremis para um sitio mais seguro. Hoje já cá não estariam.
Davam os primeiros "passos" no que se refere a descer ondas em cima de uma prancha, entraram na água para fazer body-board por onde toda a gente entra que é junto ás rochas do gigante vermelho, e se a maré estiver vazia, por cima delas, mas com muito cuidado com os ouriços e lismos para não nos partir-mos todos caso o pé seja indevidamente pousado onde não se deve. Em vez vez de ficarem quietinhos na água e esperar pela ondulação começaram a movimentar-se os dois no outside para a esquerda e para o centro da praia, talvez com receio das rochas, estavam a ir direitinhos para a boca do lobo.
No inicio não liguei porque os via sempre muitos juntinhos a dar ao pé, ou melhor á barbatana, e por isso pensei que estariam seguros, mas de repente vi o bracinho de um deles no ar a dizer adeus, ao que eu respondi com outro acenar, o bracinho voltou a erguer-se e olhando melhor, vi que afinal o gesto não era tanto de adeus mas mais de - anda cá buscar-nos . Deviam estar a menos de dois minutos de entrarem no programa de centrifugação, a corrente estava a puxa-los a partir de fora para terra precisamente para a zona dos close-outs. Por fora, num instante cheguei lá perto deles e eu próprio vi a coisa mal parada para o meu lado, o grupo deve ter estado a menos de dez metros do break-point, e a força da corrente naquele sitio era cada vez maior.
Saí dali a remar primeiro para o outside com cada um deles agarrado por baixo aos fins laterais e ao mesmo tempo que lhes gritava para darem ás barbatanas porque eu sózinho também não teria tido força para puxar aquele peso todo dali para fora só com a pagaia. Saímos por onde entrámos junto á rocha. Já cá fora, abraçamos-nos os três e agradecemos a Deus ter-nos dado nova oportunidade.
Hoje em dia o Rui Pedro gere uma fazenda de gado em Angola e o Sátia tira fotografias das estradas de Portugal de carro com uma máquina de disparo 360º presa no tejadilho para o Google Earth.
Eu também faço muitas coisas.
Aloha.
ps. Aqui fica então o link de um video gentilmente cedido pelo Gus Presa de uma surfada sua na Praia da Ponta Ruiva.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Inicio dos treinos agora um pouco mais a sério.


Hoje é um dia muito feliz para mim relativamente á prática deste desporto, é que acabei de saber, através do Necas e Didi, que a partir de amanhã e sempre que consiga coordenar o meu horário de trabalho com a vida familiar e os treinos da escolinha de surf do club de surf de Faro (desenrolam-se no "santuário" que é a Barrinha) vou poder estar presente para treinar á vontade e ainda participar nas aulas de forma passiva, desempenhando um papel na segurança do grupo de miudos (o que farei com imenso orgulho), não tivessem os waveskis também já desempenhado essa função nas praias Australianas e na fiscalização das provas de surf, apenas pela razão de serem este tipo de pranchas, muito mais rápidas a deslocar-se na água e a acudir a uma qualquer situação de perigo, devido obviamente á propulsão das pagaias, do que outras de qualquer outro género.
Amanhã dia 21 de Abril vou estar ás 10horas na praia para apanhar boleia no barco do club, que é a grande vantagem para se poder almejar este sitio tão maravilhoso e fantástico da forma mais cómoda e conseguindo assim juntar o que é util ao que é agradável.

Aloha.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Estorietas salgadas - the policeman´s wife.


Estava com o meu wave na água no meio de uns tantos surfistas que como eu esperavam pela melhor onda, de repente olhei para o lado e vejo uma surfista que com o fato de neoprene em cima da prancha mais parecia uma sereia de tão bonita e escultural que era. Apanhado desprevenido pela sua beleza perdi o equilibrio e fiquei virado ao contrário, quando voltei ao de cima tinha o crowd todo a rir-se de mim por obviamente se terem apercebido da cena, ela também se apercebeu e devolveu-me como resposta á minha voltareta um sorriso como eu há muito não via, nesse dia fui para casa com o coração aos pulinhos. Vim A saber mais tarde que era a esposa de um policia.
Uff, do que eu me livrei á rasquinha.


ps: Um amigo galego (Barbakana, acabei agorinha de saber via Gus Presa), achou piada por isso publico, isto a propósito de esta estória ser mais ou menos similar há da BD em cima que é dele.
http://barbakana.blogspot.com/

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Waveski no Algarve desde 1990.


Comprei a minha 1ª prancha de WSK através de um surfista de Faro muito peculiar, Fernando Fontainhas, mais conhecido pelo nick de "Chupa", a quem aqui presto desde já a minha homenagem não só pelo estilo de surf que tem, mas também pela recente perda da sua única irmã e minha amiga Lena. Foi ele que me alertou para alguém recentemente(há época dos factos) vindo de África do sul com pranchas de waveski "Kolasky" para venda, aquilo que eu há anos procurava sem conseguir encontrar em Portugal e depois de ter visto o Australiano a dropar o "Lagido" sem a concorrencia de ninguém. A foto em cima foi tirada em 1993 com o primeiro Kolasky já sem a pintura original (esta foi inventada por mim utilizando sprays), após várias reparações a pequenos "dings".